sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Charge mídia impressa...




“Eu estou ótimo, mas Clark Kent não consegue encontrar um jornal que esteja contratando!”.

Folha sem rumo...


A Folha e o samba do rábula doido

por Luís Nassif, em seu blog


Depois que Otávio Frias Filho assumiu a Folha – com a morte de Otávio Frias de Oliveira – a Folha se transformou em uma mixórdia ideológica e editorial.

Antes, cultivava uma espécie de anarquismo de centro-esquerda. Atacava todos mas, nos grandes temas, adotava uma posição que se poderia chamar de progressista. Era uma anarquia previsível e aceita por seus leitores.

Com o afastamento do seu Frias, Otavinho decidiu atrelá-la ao pensamento neocon e ultraliberal – vinte anos depois da onda neoliberal ter começado e quando já estava em fase agônica. Terceirizou sua linha editorial para a Veja.

As consequências estão aí, nesse editorial sobre a votação do Supremo.

O STF conclui que a decisão de extraditar ou não é um ato de vontade do Executivo. Simplesmente se curva ao que a Constituição determina. Aliás, talvez Otávio não saiba, mas o STF é o guardião da Constituição. E mesmo nessa composição medíocre atual, a maioria decidiu acatar a Carta Magna.

O que diz o editorial da Folha?

O Supremo diz, simplesmente, que Lula não está obrigado a cumprir a extradição. Pode recusar-se a entregar o extraditando num ato de pura, e ilimitada, discricionariedade. Num passe de mágica, transfere-se a instância julgadora da extradição -papel que a Constituição reserva ao Supremo- para a Presidência da República. A corte máxima de repente se torna um órgão meramente consultivo nessa matéria, contrariando sua tradição centenária de decidir as questões, produzindo efeitos necessários de suas manifestações.

Ou seja, centenas de parlamentares se reúnem e votam uma Constituição, marco legal da República. A Constituição diz que cabe ao Chefe do Executivo a decisão de determinar ou não a extradição. E o editorial da Folha diz que essa determinação – que é da própria Constituição – contraria tradição centenária do STF decidir questões que, segundo a Constituição, não estão entre suas atribuições. Autêntico samba do rábula doido.

Poderia ter explorado esse ridículo do STF deliberar sobre a extradição e concluir que sua deliberação nada vale. Que nada! A Folha é incapaz de analisar isoladamente o princípio constitucional independentemente do personagem Battisti. E transmuda-se, de líder do mercado de opinião, em apenas um boneco de ventríloquo dos slogans neocons.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Laerte Braga: A meta agora é vender o Brasil e passar a escritura...


PSDB É BRIGA DE FOICE NO ESCURO – E TAPAS

por Laerte Braga

A quase totalidade dos fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) – os tucanos – saiu do PMDB em 1988. Dois anos antes do fim do mandato do último ditador, o general Figueiredo (terminou em 1984), foram realizadas as primeiras eleições diretas para governos estaduais desde 1965.

Franco Montoro, Leonel Brizola e Tancredo Neves foram eleitos governadores dos três maiores estados da Federação de mentirinha. São Paulo, Rio e Minas Gerais. O vice-governador de Montoro era Orestes Quércia.

Em 1986 o grupo do governador Franco Montoro (um homem decente), ao qual pertenciam José Serra (seu secretário de governo) e Fernando Henrique Cardoso (senador e derrotado por Jânio Quadros nas eleições municipais de 1985), tentou de todas as formas evitar a candidatura de Quércia ao governo do estado. Covas, Mário Covas, que já havia sido prefeito nomeado de São Paulo, era o preferido do grupo.

Quércia venceu-os na convenção do PMDB e FHC foi indicado candidato ao Senado. Não era propriamente uma candidatura à reeleição já que em 1978 perdeu para Montoro. Virou suplente já que a legislação à época assim o determinava em decorrência do expediente casuístico da sublegenda.

As eleições para o governo do estado de São Paulo em 1986 foram disputadas por Orestes Quércia (PMDB), Antônio Ermírio de Moraes (PTB) e Paulo Maluf (PDS). FHC, mesmo candidato a senador pelo PMDB, apoiou a candidatura de Ermírio de Moraes, até...

...Até que as pesquisas divulgadas três dias antes das eleições apontavam a vitória de Orestes Quércia. Quem tiver boa memória vai se lembrar que Ermírio e Maluf quase se atracaram num debate transmitido por uma rede de tevê e isso acabou beneficiando Quércia, já que, naquele momento, não existia a figura do segundo turno.

À véspera da eleição o candidato do PMDB Orestes Quércia fazia panfletagem numa montadora no ABCD paulista em companhia do então deputado Fernando Moraes (hoje autor consagrado de várias biografias). Num dado momento Fernando Moraes notou que o “fusca” de FHC estava chegando e o candidato ao Senado, sem nenhum constrangimento, típico dos amorais, achegou-se e juntou-se ao candidato favorito.

Ao perceber a chegada de FHC, Fernando Moraes virou-se para Quércia e disse-lhe o seguinte – “agora não tenho dúvidas que você venceu, olha quem chegou” –. Definição perfeita para o caráter oportunista do então senador e candidato.

O fato foi publicado na coluna PAINEL do jornal FOLHA DE SÃO PAULO.

José Serra naquele ano foi eleito deputado federal.

Em 1988, depois de tentar de todas as formas o comando do PMDB paulista e se insurgindo contra Ulisses Guimarães, o grupo de FHC e Serra saiu do partido e resolveu fundar o PSDB. Uma das explicações dadas de público é que o partido havia sido dominado em São Paulo por “corruptos”, no caso o governador Quércia e estava se desviando de seu caminho de partido popular, à esquerda. O PSDB, segundo seus fundadores, resgatava o extinto MDB, na linha de frente da luta por um Congresso Nacional Constituinte que não cedesse às pressões de grupos conservadores (PFL e outros) e o PMDB que, nos dois principais estados da Federação de mentirinha, São Paulo e Minas, estava em mãos de políticos “corruptos”, no caso Quércia e Newton Cardoso.

Mário Covas foi o relator da principal comissão do Congresso Nacional Constituinte, ainda no PMDB e FHC, também no PMDB, foi o autor da emenda que dispunha sobre tributação de heranças (quando foi presidente mandou esquecer desse negócio).

Em 1989 Covas foi indicado candidato do partido, já o PSDB, à presidência da República. No segundo turno, disputado entre Lula e Collor, foi dos primeiros a se postar ao lado de Lula, assim como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães.

Covas veio a ser eleito governador de São Paulo em 1994, depois de derrotado em 1990 por Luís Antônio Fleury, candidato de Quércia. Havia sido eleito senador em São Paulo em 1986 e arrastara FHC na segunda vaga, estavam no PMDB. Naquela eleição Covas assombrou os especialistas com a votação que teve, mais de sete milhões de votos.

Em 1992, quando Collor começou a enfrentar dificuldades em seu governo e era visível que o desfecho não lhe seria favorável, o presidente convidou FHC para exercer funções semelhantes às de um primeiro ministro e de pronto o senador aceitou. Sem consultar partido, sem ouvir ninguém, aceitou. A ordem viera de Washington, da Fundação Ford, o projeto de Collor viria a ser aplicado por FHC com o mesmo nível de corrupção a partir de 1994. Não virou ministro por conta da oposição de Covas e nasceu aí mal disfarçada rivalidade entre os dois dentro do PSDB.

Serra sempre ao lado de FHC, sempre trabalhando seu projeto pessoal.

Pouco antes de virar ministro das Relações Exteriores o então senador FHC disse a alguns jornalistas que seria candidato a deputado federal, temia não ser reeleito para o senado nas eleições de 1994. Ministro das Relações Exteriores do governo Itamar Franco, em seguida ministro da Fazenda, construiu sua candidatura presidencial nos bastidores, iludindo e mentindo (o que sempre fez), à custa de intrigas, beneficiou-se do Plano Real e dos altos índices de aprovação do governo Itamar.

Eleito, entre outros, derrotou o candidato do PMDB, exatamente Orestes Quércia. José Serra foi nomeado Ministro do Planejamento. Em pouco mais de três meses bateu de frente (tem um temperamento do cão, além de ser traiçoeiro e mau caráter) com Pedro Malan, ministro da Fazenda. FHC chamou Serra e o ministro pediu demissão. Foi franca a confissão de FHC – “não posso demitir Malan” –.

Por que? Malan não era e nem é tucano. Malan não era amigo de FHC. Por que? Malan não fora indicado por FHC, mas pelos condutores externos e internos do processo neoliberal que resultou no desastre absoluto do governo tucano, nas privatizações e FHC era e é empregado desses condutores, digamos assim.

Serra voltou e no Ministério da Saúde quando se aproximavam as eleições de 2002 e os tucanos precisavam de um candidato. Aí, a essa altura do campeonato, já absorvido e na folha de pagamento dos mesmos grupos que pagaram e pagam a FHC.

Foi Serra quem armou a operação contra Roseana Sarney em cima de um esquema para beneficiar a si e favorecer a GLOBO. No exato momento que Roseana subiu nas pesquisas e ameaçou a candidatura do tucano, a Polícia Federal sob controle tucano trepou nas tamancas e armou todo aquele fuzuê contra Roseana. O jornalista Luís Antônio Magalhães, de credibilidade acima de qualquer suspeita, revela hoje que foi Serra quem mandou que Regina Duarte fizesse a declaração “tenho medo da eleição de Lula”.

O que acontece dentro do PSDB hoje é uma espécie de briga de foice no escuro entre José Serra e Aécio Neves pela indicação presidencial para as eleições de 2010. Tanto um como outro obedecem aos mesmos patrões. A disputa é só de poder. Se Aécio é um tresloucado controlado pela irmã, pelo vice-governador Anastasia, Serra é um ditadorzinho sem caráter algum, sem nenhum escrúpulo, cheio de ódio, que não admite qualquer tipo de contestação, paranóico e obcecado com o poder.

E ambos estão liquidando com seus estados, São Paulo e Minas. Os próximos governadores desses dois estados pagarão as contas dos absurdos cometidos com dinheiro público.

Quer dizer, o povo pagará a conta.

A notícia divulgada pelo jornalista Juca Kfhoury sobre o tapa dado pelo governador de Minas na namorada numa festa no Rio foi passada a jornalistas do País inteiro, a partir de jornalistas aliados de Serra. Joyce Pascowitch (tem ligações e caso com o governador de São Paulo). Se Aécio deu ou não deu o tapa é outra história. Serra e Aécio são dois perigos para o País. Dois políticos corruptos, sem escrúpulos. E Aécio vai carregar uma carga da qual nunca se livrará. Tancredo Neves, seu avô, tinha aversão a FHC e a Serra, considerando-os exatamente como são. Canalhas aproveitadores, oportunistas e doentios, no caso de Serra.

Orestes Quércia, hoje, é o principal aliado de Serra dentro do PMDB, principalmente o paulista, já que Michel Temer, presidente da Câmara, deve ser o vice na chapa de Dilma Roussef.

Como serão duas as vagas em disputa para o Senado (renovação de dois terços) em 2010, uma delas é de Quércia, isso no acordo com Serra, resta saber se o povo vai embarcar na canoa furada.

De Quércia, ex-corrupto para Serra, sobre tucanos, logo após sua vitória em 1986 –“se um tucano estiver apertado para fazer xixi, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz nas calças, não vai conseguir decidir-se a tempo” –.

Um e outro se merecem. Os corruptos se encontram muito antes do infinito. Não são paralelos, são congruentes.

Vem mais chumbo grosso contra Aécio e ele que se cuide. É que o mineiro resolveu entrar na briga pela indicação partidária. Uma coisa é certa. Aécio saber também dar o troco. Já avisou a Serra que se o indicado for ele, apóia outro candidato, Serra nunca.

Tucano tem esse negócio de raivinha, de ódio, de descabelar quando em jogo está o poder e o que o poder representa.

Não existe um que preste. Não é partido político, é quadrilha.

A meta agora é acabar de vender o Brasil e passar a escritura.

domingo, 18 de outubro de 2009

Com a palavra, Fidel...


UM PRÊMIO NOBEL PARA EVO

por Fidel Castro, na Agencia Cubana de Notícias

Se a Obama lhe foi outorgado o Prêmio por ganhar as eleições em uma sociedade racista, apesar de ser afro-americano, Evo é merecedor dele por ter ganho as eleições em seu país, apesar de ser indígena, e ainda cumprir o prometido.

Pela primeira vez em ambos os países um ou outro de sua etnia chega à Presidência.

Mais de uma vez chamei a atenção para o fato de que Obama era um homem inteligente, educado num sistema social e político no qual crê. Deseja estender os serviços de saúde a quase 50 milhões de norte-americanos, tirar a economia da profunda crise que padece e melhorar a imagem dos Estados Unidos, deteriorada pelas guerras criminosas e as torturas. Não imagina, nem deseja nem pode mudar o sistema político e econômico de seu país.

O Prêmio Nobel da Paz tem sido conferido a três Presidentes dos Estados Unidos, um ex-presidente e um candidato a Presidente.

O primeiro foi Theodore Roosevelt, eleito em 1901, dos Rough Riders (jóqueis duros), quem desembarcou em Cuba seus jóqueis, mas sem cavalos, no período da intervenção dos Estados Unidos em 1898 para impedir a independência de nossa Pátria.

O segundo foi Thomas Woodrow Wilson, que introduz os Estados Unidos na primeira guerra pela partilha do mundo. No Tratado de Versalhes impôs condições tão severas à vizinha Alemanha, que criou as bases para o nascimento do fascismo e o estalo da Segunda Guerra Mundial.

O terceiro é Barack Obama.

Carter foi o ex-presidente a quem vários anos depois de ter finalizado seu mandato lhe foi outorgado o Prêmio Nobel. Sem dúvidas, um dos poucos Presidentes desse país incapaz de ordenar o assassinato de um adversário, como fizeram outros; devolveu o Canal ao Panamá, criou o Escritório de Interesses em Havana, evitou cair em grandes déficits orçamentários e esbanjar o dinheiro em benefício do complexo militar industrial, como fez Reagan.

O candidato foi Al Gore, que tinha sido vice-presidente; o político norte-americano com maior conhecimento sobre as terríveis conseqüências da mudança climática. Mais para frente, quando foi eleito candidato à Presidência, foi vítima da fraude eleitoral e despojado da vitória, por W. Bush.

As opiniões sobre a entrega deste Prêmio têm sido muito divididas. Muitos partem de conceitos éticos ou refletem contradições evidentes na imprevista decisão.

Haveriam preferido esse Prêmio como fruto de uma tarefa realizada. Nem sempre o Prêmio Nobel da Paz foi entregue a pessoas merecedoras dessa distinção. Às vezes receberam-no pessoas ressentidas, auto-suficientes, ou pior ainda. Lech Walesa, ao conhecer a noticia exclamou com desprezo: “Quem, Obama? É muito rápido. Não tem tido o tempo suficiente para fazer alguma coisa”.

Em nossa imprensa e em CubaDebate, companheiros honestos e revolucionários foram críticos. Um deles salientou: “Na mesma semana em que foi outorgado o Prêmio Nobel da Paz a Obama, o Senado dos Estados Unidos aprovou o maior orçamento militar da história: 626 bilhões de dólares.” No Noticiário de Televisão, outro jornalista comentou: “O que fez Obama para merecer essa distinção?” Mais outros perguntaram: “E a guerra do Afeganistão e o incremento dos bombardeios?” São pontos de vista baseados nas realidades.

Desde Roma, o diretor de cinema Michael Moore pronunciou uma frase lapidária: “Parabens, presidente Obama, pelo Prêmio Nobel da Paz; agora, por favor, ganhe-o”.

Estou certo de que Obama concorda com a frase de Moore. Possui suficiente inteligência para compreender as circunstâncias que rodeiam o caso. Sabe que ainda não o ganhou esse Prêmio. Esse dia, de manhã, declarou: “Acho que não mereço acompanhar tantas personalidades transformadoras homenageadas com este Prêmio”.

Afirma-se que são cinco os membros do famoso comitê que outorga o Prêmio Nobel da Paz. Um porta-voz asseverou que foi por unanimidade. Corresponde fazer uma pergunta? O galardoado foi ou não consultado? Uma decisão dessa índole pode ser tomada sem antes a pessoa premiada ter sido advertida disso? Este não pode ser julgado moralmente de igual forma se conhecia ou não com antecedência a indicação para o Prêmio. O mesmo pode ser afirmado a respeito daqueles que decidiram premia-lo.

Talvez seja necessário criar o Prêmio Nobel da Transparência.

Por outro lado ninguém mencionou o nome de Evo.

É obvio que pela primeira vez na história da Bolívia, um autêntico indígena aimara exerce a presidência desse Estado, criado pelo Libertador Simon Bolívar depois da Batalha de Ayacucho, quando o último vice-rei da Espanha foi vencido pelo General Antonio José de Sucre.

A Bolívia possuía, então, 2 milhões 343 mil 769 quilômetros quadrados.

A sua população era integrada fundamentalmente pelos descendentes da civilização aimara-quíchua, cujos conhecimentos em diversas esferas assombram o mundo. Mais de uma vez tinham-se sublevado contra seus opressores.

Os oligarcas fratricidas e pró-imperialistas dos Estados vizinhos, apesar dos vínculos comuns de sangue e cultura, arrebataram à Bolívia 1 milhão 247 mil 284 quilômetros quadrados, mais da metade da superfície. É bem conhecido que ao longo dos séculos, o ouro, a prata e outros recursos da Bolívia eram extraídos pelos privilegiados donos de sua economia. Enormes jazidas de cobre, as maiores do mundo, e outros minérios lhe foram arrebatados depois da independência em uma das guerras promovidas pelos imperialistas britânicos e ianques.

Apesar disso a Bolívia conta com importantes jazidas de gás e de petróleo e possui, além disso, as maiores reservas conhecidas de lítio, minério muito necessário em nossa época para a armazenagem e uso da energia.

Evo Morales, camponês indígena muito pobre, transitou pelos Andes, juntamente com seu pai, antes de completar seis anos, pastoreando lhamas de um grupo indígena. Conduziam-nas durante 15 dias até o mercado onde as vendiam para adquirir os alimentos da comunidade. Respondendo a uma pergunta minha sobre aquela singular experiência, Evo me contou que durante a viagem “hospedava-se no hotel mil estrelas”, uma bela forma de fazer referência ao céu limpo da cordilheira onde por vezes são colocados os telescópios.

Naqueles duros anos de sua infância, a alternativa dos camponeses na comunidade onde nasceu, era o corte da cana-de-açúcar na província argentina de Jujuy, na qual às vezes uma parte da comunidade refugiava-se durante a safra.

Não muito longe de La Higuera, onde o Che, ferido e desarmado, foi assassinado no dia 9 de outubro de 1957, Evo, que tinha nascido no dia 26 desse mesmo mês no ano 1959, ainda não completara os 8 anos. Aprendeu a ler e a escrever em espanhol, caminhando até uma escolinha pública a cinco quilômetros da choça onde num rústico quarto viviam seus irmãos e seus pais.

Durante sua azarenta infância, onde quer que houvesse um professor, ali estava Evo. De sua raça adquiriu três princípios éticos: não mentir, não roubar, não ser débil.

Aos 13 anos o pai autorizou-o para que se mudasse para San Pedro de Oruro e estudar o bacharelado. Um de seus biógrafos conta que era melhor em Geografia, História e Filosofia do que em Física e Matemática. O mais importante é que Evo, para custear seus estudos, acordava às 02h00 para trabalhar como padeiro, construtor ou noutra atividade física. Freqüentava as aulas à tarde. Era admirado por seus companheiros os quais o ajudavam. Desde o primário aprendeu a tocar instrumentos de vento e foi trompete de uma prestigiosa banda de Oruro.

Ainda adolescente, organizou a equipe de futebol de sua comunidade, da qual foi o capitão.

O acesso à universidade não estava a seu alcance por ser indígena aimara e pobre.

Após ter concluído seu último ano de bacharelado, cumpriu o serviço militar e regressou a sua comunidade, localizada na altura da cordilheira. A pobreza e os desastres naturais obrigaram a sua família a emigrar para a zona subtropical de El Chapare, onde a mesma conseguiu obter um pequeno lote de terra. Seu pai morre em 1993 quando ele tinha 23 anos. Trabalhou duramente a terra, mas era um lutador nato, organizou todos os trabalhadores, criou sindicatos e com eles encheu vazios aos quais o Estado não prestava atenção.

As condições para uma revolução social na Bolívia foram criadas nos últimos 50 anos. No dia 9 de abril de 1952, antes do início de nossa luta armada, estalou a revolução nesse país com o Movimento Nacionalista Revolucionário de Victor Paz Estenssoro. Os mineiros revolucionários derrotaram as forças repressivas e o MNR tomou o poder.

Os objetivos revolucionários na Bolívia estavam longe de serem cumpridos. Em 1956, segundo as pessoas bem informadas, começou o declínio desse processo. Em 1 de janeiro de 1959 triunfa a Revolução em Cuba. Três anos depois, em janeiro de 1962, nossa Pátria foi expulsa da OEA. A Bolívia absteve-se. Mais tarde todos os governos, exceto o México, interromperam relações com Cuba.

As divisões do movimento revolucionário internacional fizeram-se sentir na Bolívia. Eram necessários ainda mais de 40 anos de bloqueio a Cuba, o neoliberalismo e suas desastrosas conseqüências, a Revolução Bolivariana na Venezuela e a ALBA; a Bolívia precisava de Evo e do MAS.

Seria longo sintetizar em poucas folhas sua rica história.

Apenas direi que Evo foi capaz de vencer terríveis e caluniosas campanhas do imperialismo, seus golpes de Estado e ingerência nos assuntos internos, defender a soberania da Bolívia e o direito de seu povo milenar a que sejam respeitadas seus costumes. “Coca não é cocaína”, disse ao maior produtor de maconha e o maior consumidor de drogas no mundo, cujo mercado tem sustentado o crime organizado que no México e custa anualmente milhares de vidas. Os maiores produtores de drogas do planeta são dois dos países onde estão as tropas ianques e suas bases militares.

Na armadilha mortal do comércio de drogas não caem a Bolívia, a Venezuela e o Equador, países revolucionários que, igual a Cuba, são membros da ALBA, sabem o que podem e devem fazer para levar a saúde, a educação e o bem-estar a seus povos. Não precisam de tropas estrangeiras para combater o narcotráfico.

A Bolívia leva adiante um programa de sonho sob a direção de um Presidente aimara que conta com o apoio do povo.

Em menos de três anos erradicou o analfabetismo: 824 mil 101 bolivianos aprenderam a ler e a escrever; 24 mil 699 fizeram-no em aimara e 13 mil 599 em quíchua; é o terceiro país livre de analfabetismo, depois de Cuba e da Venezuela.

Presta atendimento médico gratuito a milhões de pessoas que jamais o tinham recebido; é um dos sete países do mundo que nos últimos cinco anos conseguiu reduzir mais a mortalidade infantil, com possibilidades de cumprir as Metas do Milênio antes de 2015, e em uma proporção similar às mortes maternas; operou da visão 454 mil 161 pessoas, delas 75 mil 974 brasileiros, argentinos, peruanos e paraguaios.

Na Bolívia foi estabelecido um ambicioso programa social: todas as crianças das escolas públicas da primeira à oitava série, recebem uma doação anual para sufragar o material escolar que beneficia a quase dois milhões de alunos.

Mais de 700 mil pessoas maiores de 60 anos recebem um bônus equivalente a 342 dólares anuais.

Todas as mulheres grávidas e as crianças menores de dois anos recebem uma ajuda de aproximadamente 257 dólares.

Na Bolívia, um dos três países mais pobres do hemisfério, o Estado controla os principais recursos energéticos e minerais do país, respeitando e compensando cada um dos interesses afetados. Marcha com cuidado porque não deseja retroceder um passo. Suas reservas em divisas vão crescendo. Evo dispõe de não menos de três vezes mais do que dispunha ao início de seu governo. É dos países que melhor fazem uso da cooperação externa e defende com firmeza o meio ambiente.

Em muito pouco tempo se conseguiu estabelecer o Padrão Eleitoral Biométrico e já estão registrados aproximadamente 4,8 milhões de eleitores, quase um milhão mais do que o último padrão eleitoral, que em janeiro de 2009 totalizava os 3,8 milhões.

Em 6 de dezembro serão as eleições. Com certeza o apoio do povo a seu Presidente aumentará. Nada tem podido deter seu crescente prestígio e popularidade.

Por que não lhe é conferido o Prêmio Nobel da Paz?

Entendo sua grande desvantagem: ele não é presidente dos Estados Unidos,


Fidel Castro Ruz
Outubro 15 de 2009
4h25

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Rio olímpico, 2016: só a mídia brasileira não se curva ao Brasil...


Ele conquistou auto-suficiência em petróleo, passou a ser emprestador do Fundo Monetário Internacional. Ele descobriu que dispõe de imensas reservas de petróleo na camada do pré-sal, em uma faixa de não desprezíveis 800 quilômetros entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina.

Por Washington Araújo, no Observatório da Imprensa

Ele trouxe 20 milhões de pessoas da miséria para a pobreza e 18 milhões de pobres subiram à classe média. Ele será palco do maior evento futebolístico do mundo – a Copa do Mundo de 2014. E, de quebra, em 2016 já foi escolhido para sediar as primeiras Olimpíadas da América Latina.
Na maior crise econômica mundial pós-1929 ele encarou os desafios, esnobou a velha ordem econômica esclerosada — e em vertiginosa queda – com a alcunha de “marolinha” e foi o primeiro país a retomar o crescimento econômico. De celebrada 10ª potência econômica mundial já vem sendo anunciado, em previsão de peso-pesado do Banco Mundial, que em 2016… será a 5ª maior economia do mundo.
Em meio a barulhentos vizinhos que movem mundos, fundos, alteram Constituições tudo em esforço concertado para se perpetuar no poder, ele continua dando mostras de que a alternância democrática é o que melhor condiz com sua história e melhor será para seu futuro.
Ele é o Brasil. Aquele sempre cantado em verso e prosa como o Brasil-brasileiro e o gigante deitado eternamente em berço esplêndido. Assisti inteiramente concentrado na transmissão (por sinal muito boa) da Rede Record de Televisão, minuto a minuto, a cerimônia em Copenhague para a escolha por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI) do país-sede das Olimpíadas de 2016. Assisti o nome do Rio de Janeiro ser anunciado e a algazarra (palavra com cheiro de naftalina mas muito oportuna) no salão. Depois fui conferir a maneira como o mundo se curvava ao Brasil.
Chacinas em pauta
Barack Obama diz que “vitória do Brasil (para sediar Olimpíadas) é histórica”. A rede CNN destacou que “o Rio desbancou Chicago, Madri e Tóquio”, o New York Times não deixou por menos e em seu site na internet destaca a escolha da cidade como a primeira da América do Sul a sediar uma edição das Olimpíadas. O principal jornal espanhol, El País, abriu longa manchete em seu site: “Madri ficou a um passo do sonho. O esforço diplomático dos últimos dias não deu frutos e o Rio se impôs na última curva”.
O francês Le Monde dava a escolha do Rio como notícia principal e não deixava de alfinetar seus vizinhos: “Os brasileiros comemoram, os espanhóis lamentam”, dizia um título. Até o principal diário esportivo dos hermanos, o argentino Olé, não se conteve: “Se festeja en Río, duele en Madrid, decepción en Chicago (Obama inclusive), y quién sabe qué se dice en Tokyo…”. O Clarín deixou claro desde os últimos dias que a Argentina era espanhola desde sempre e passamos a acreditar que a Argentina compartilha fronteiras com o Brasil por mera ironia geográfica. Não causou mesmo espanto ver que a nossa Cidade Maravilhosa (e agora Olímpica) ganhar de Chicago, Madri e Tóquio só podia mesmo doer no âmago da alma portenha. Coisas da vida. Fazer o quê?
Mas não sei o que acontece com nossa imprensa. Na hora de mostrar otimismo fica indiferente. Dos jornais de maior circulação do país apenas o Jornal do Brasil levou à manchete o assunto das Olimpíadas. Publicou o diário carioca, na sexta-feira (2/10): “Rio 2016. É hoje!” O Globo, a Folha e o Estadão trataram mesmo foi do Enem e os dois diários paulistas, qual dupla sertaneja, elevaram ao altar principal as mesmas palavras: “PF investiga vazamento”.
Temos que convir que a depender do entusiasmo de nosso jornalismo auriverde o maior evento esportivo do planeta em 2016 poderia se dar em terras madrilenhas, na Gotham City norte-americana ou na terra do Sol Nascente. Tudo, menos na ensolarada Rio de Janeiro, cidade que melhor vende a imagem do Brasil mas que frequenta o noticiário nativo quase que unicamente através da cobertura de chacinas nos morros cariocas, nas incursões da polícia quando não de efetivos do exército para reprimir o narcotráfico ou quando nos informam do extermínio de meninos (e meninas) de rua.
Dia de celebração
Repassando as manchetes dos sete principais jornais brasileiros de sexta-feira (2/10), observamos com certo desalento que seis se ocupam do vazamento de provas do Enem e apenas um, o de menor circulação — e carioca ainda por cima — resolve dar um refresco e dá um voto de confiança ao evento de maior potencial midiático passível de ocorrer em nosso país.
É que temos especialistas no Brasil que não dá certo e pouquíssimo traquejo para com o Brasil que pode dar certo. E não me venham com a ladainha de que não temos boas notícias para apurar, assuntos interessantes para repercutir. Basta reler o primeiro parágrafo deste texto.
Que mais esperamos de bom para elevar nossa auto-estima e de quebra passar uma boa imagem do Brasil? Falta ainda termos um brasileiro pisando em solo lunar. E também o médico Miguel Nicolellis ganhar o Nobel de Medicina, Lygia Fagundes Telles trazer para o Brasil o Nobel de Literatura. E um filme brasileiro ganhar o Oscar de melhor filme. Pode até ser na categoria melhor filme estrangeiro. O Brasil poderia também ganhar assento no Conselho de Segurança da ONU, mas ainda é pouco para satisfazer nossas expectativas. É como se nossa imprensa visse o Brasil sempre com viés de baixa (para usar um linguajar típico do noticiário econômico).
Poderíamos começar a trabalhar para ter uma imprensa pautada pela ética e pela duradoura defesa dos direitos humanos. Uma imprensa que saiba distinguir opinião pública de opinião publicada, interesse público de interesse privado. E, quem sabe?, na medida em que formos transpondo as águas do rio São Francisco no Nordeste brasileiro poderíamos começar a transpor para a educação brasileira, em todos os níveis, do elementar ao superior, essa coisa chamada qualidade.
De qualquer forma nada disso impede que festejemos um pouco nossas conquistas. Sonhos que foram de passadas gerações de brasileiros. Hoje não é dia de recolhimento. É de celebração. E não é todo dia que a terra descoberta por Cabral pode assistir a um placar assim: Rio, 66 votos. Madri, 32. Goleada!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Charge pré-sal...

SADER: O QUE É BOM PARA O LULA, É RUIM PARA O BRASIL?


A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sulamericanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não.

O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.

A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade do Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão e um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.

São pequenos, mesquinhos, só vêem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.

O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.

O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem auto estima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?

São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.

O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula.


Por Emir Sader, retirado do Viomundo...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Entrevista com o Presidente Lula no Valor...


Valor: Passado um ano da grande crise global, a economia brasileira começa a se recuperar. Além do pré-sal, qual a agenda do governo para o pós crise?

Luiz Inácio Lula da Silva: Ainda este ano vou apresentar uma proposta sobre inclusão digital. E, também, uma proposta consolidando todas as políticas sociais do governo.

Valor: Inclusive, o Bolsa Família, o salário mínimo?

Lula: Todas. Vai ter uma lei que vai legalizar tudo, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Será uma consolidação das políticas públicas para sustentar os avanços conquistados. Tudo o que foi feito, até as conferências nacionais, porque nós só temos legalizada a da saúde.

Valor: Mas o governo ainda não conseguiu sequer aprovar a política de valorização do salário mínimo?

Lula: A culpa não é minha. Mandei (para o Congresso) já faz um ano e meio. Sou de um tempo de dirigente sindical que, quando a gente falava de salário mínimo, as pessoas já falavam logo de inflação. Nós demos, desde que cheguei aqui, 67% de aumento real para o salário mínimo e ninguém mais fala de inflação. O projeto que nós mandamos é uma coisa bonita. É a reposição da inflação mais o aumento do PIB de dois anos atrás. Quero consolidar isso porque acho que o Brasil tem que mudar de patamar.

Valor: O senhor vai pedir urgência?

Lula: Não. É ótimo que dê debate no ano eleitoral. Quando eu voltar de viagem, vou ter uma reunião com todos os ministros da área social e vamos começar a trabalhar nisso.

Valor: E a inclusão digital?

Lula: Esta eu quero mandar também este ano. Será para integrar o país com fibras óticas. O Brasil precisa disso. Eu dei 45 dias de prazo, ontem, para que me apresentem o projeto de integração de todo o sistema ótico do Brasil.

Valor: O que mais será feito?

Lula: Uma proposta de um novo PAC para 2011-2015, que anunciarei em janeiro ou fevereiro. Porque precisamos colocar, no Orçamento de 2011, dinheiro para a Copa do Mundo, sobretudo na questão de mobilização urbana. E, se a gente ganhar a sede das Olimpíadas, já tem que ter uma coisa mais poderosa nisso.

Valor: Só para a parte que lhe cabe no pré-sal, o BNDES diz que vai precisar de uma capitalização de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional. O senhor já autorizou a operação?

Lula: Acabamos de dar R$ 100 bilhões ao BNDES e nem utilizamos ainda todo esse dinheiro. Para nós, o pré-sal começa ontem. Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, pedi aos empresários que constituíssem um grupo de trabalho para que possamos ter dimensão do que vamos precisar nos próximos 15 anos entre infraestrutura, equipamentos para construção de sondas, plataformas, toda a cadeia. Não podemos deixar tudo para a última hora e isso vai exigir muito dinheiro. Esse problema do BNDES ainda não chegou aqui, mas posso garantir que não faltará dinheiro para o pré-sal.

Valor: O governo pensa numa política industrial para o pré-sal, voltada para as grandes empresas nacionais. Fala-se em ter empresas “campeãs nacionais”. Isso vai renovar o parque industrial e as lideranças empresariais do país?

Lula: Certamente aumentará muito o setor empresarial brasileiro. Precisamos aproveitar o pré-sal e criar, também, um grande polo petroquímico. Não podemos ficar no sexto, sétimo lugar nesse setor. Pedi para o Luciano Coutinho (presidente do BNDES) coordenar um grupo de trabalho para que a gente possa anunciar em breve um plano de fomento à indústria petroquímica no Brasil. E pedi para os empresários brasileiros se prepararem para coisas maiores. Vamos precisar de mais estaleiros, diques secos, e isso tem que começar agora para estar pronto em três a quatro anos. Sobretudo, temos que convencer os empresários estrangeiros a investir no Brasil, construindo parcerias.

Valor: É por essa razão que o senhor está irritado com a Vale?

Lula: Não estou irritado com a Vale. Tenho cobrado sistematicamente da Vale a construção de usinas siderúrgicas no país. Todo mundo sabe o que a Vale representa para o Brasil. É uma empresa excepcional, mas não pode se dar ao luxo de exportar apenas minério de ferro. Os chineses já estão produzindo 535 milhões de toneladas de aço e nós continuamos com 35 milhões de toneladas. Daqui a pouco vamos ter que importar aço da China. Isso não faz nenhum sentido. Quando a gente vende minério de ferro, custa um tiquinho.

Valor: E não paga imposto porque o produto não é industrializado…

Lula: Não paga imposto. Tudo isso eu tenho discutido muito com a Vale porque eu a respeito. Quando ela contrata navios de 400 mil toneladas na China, é de se perguntar: ´e o esforço imenso que estou fazendo para recuperar a indústria naval brasileira?´

Valor: Mas a Vale não é uma empresa privada?

Lula: Pode ser privada ou pública. O interesse do país está em primeiro lugar. As empresas privadas têm tantas obrigações com o país como eu tenho. Não é porque sou presidente que só eu tenho responsabilidade. Se quisermos construir uma indústria competitiva no mundo, vamos ter que fortalecer o país.

Valor: Os custos não são importantes?

Lula: Os empresários têm tanta obrigação de ser brasileiros e nacionalistas quanto eu! Estou fazendo uma discussão com a Vale, já fiz com outras empresas, porque quando queremos importar aço da China, os empresários brasileiros não querem. Mas quando eles aumentam seus preços, eu sou obrigado a reduzir a alíquota (de importação) para poder equilibrar. Eu sei a importância das empresas brasileiras, ninguém mais do que eu brigou neste país para elas virarem multinacionais. Porque, cada vez que uma empresa se torna uma multinacional, ela é uma bandeira do país fincada em outro país.

Valor: As empresas não importam porque lá fora é mais barato e tecnologicamente mais avançado?

Lula: Não sei se tecnologicamente é mais avançado. Pode ser mais barato. Quando começamos a discutir com a Petrobras a construção de plataformas, ela falava ´nós economizamos não sei quantos milhões´. Eu falava ´tudo bem, e os desempregados brasileiros? E o avanço tecnológico do país? E a possibilidade de fazemos plataformas aqui e exportar?´ Em vez de apenas importar, vamos convencer as empresas de fora que nós temos demanda e que elas venham construir no Brasil. Não estamos pedindo favor. Talvez o Brasil seja, daqui para a frente, o país a consumir mais implementos para a construção de sondas e plataformas.

Valor: O governo pensa em reduzir os custos de produção no Brasil?

Lula: Temos, no momento, uma crise econômica em que o custo financeiro subiu no mundo inteiro. Desde que entrei, e considerando a extinção da CPMF, foram mais de R$ 100 bilhões em desonerações. Eu já mandei duas reformas tributárias ao Congresso. As duas tiveram a concordância dos 27 governadores e dos empresários. Mas as propostas chegam no Senado e, como diria o Jânio Quadros, tem o ´inimigo oculto´ que não deixa que sejam aprovadas.

Valor: Como o senhor vê o papel do Estado pós crise?

Lula: O Estado não pode ser o gerenciador, o administrador. O Estado tem que ter apenas o papel de indutor e fiscalizador. Então, (o Estado) leva uma refinaria para o Ceará, um estaleiro para Pernambuco. Se dependesse da Petrobras, ela não gostaria de fazer refinarias.

Valor: Por que há ociosidade?

Lula: Na lógica da Petrobras, as suas refinarias já atendem a demanda. Há 20 anos a empresa não fazia uma nova refinaria. Agora, o que significa uma nova refinaria num Estado? A primeira coisa que vai ter é um polo petroquímico para aquela região. Este é o papel do governo. O governo não pode se omitir. A fragilidade dos governantes, hoje, é que eles acreditaram nos últimos dez anos que os mercados resolviam os problemas.

E agora, quando chegou a crise, todos perceberam que, se os Estados não fizessem o que fizeram, a crise seria mais profunda. Se o Bush (George, ex-presidente dos Estados Unidos) tivesse a dimensão da crise e tivesse colocado US$ 60 bilhões no Lehman Brothers antes de ele quebrar, possivelmente não teríamos a crise de crédito que tivemos. Então, a Vale entra nessa minha lógica.

Valor: Depois da conversa com o senhor, a Vale vai construir as siderúrgicas?

Lula: Ela precisa agregar valor às suas exportações. Se ela exportar uma tonelada de bauxita, vai receber entre US$ 30 e US$ 50. Se for um tonelada de alumínio pronto, vai vender por US$ 3 mil. Além disso, vai gerar emprego aqui, vai ter que construir hidrelétrica para ter energia. Não pode ter só o interesse imediato pelo lucro porque a matéria prima um dia acaba e, antes de acabar, temos que ganhar dinheiro com isso. A Vale entende isso.
Valor: Então ela se comprometeu?

Lula: Basta ver a propaganda dela nos jornais. Faz três anos que venho conversando com a
Vale. O Estado do Pará reclama o tempo inteiro, Minas Gerais e o Espírito Santo também. A siderúrgica do Ceará não foi proposta por mim. Foi proposta em 1992. Há condições de fazer? Há. Há mercado? Há. Temos tecnologia? Temos. Então, vamos fazer.

Valor: Entre reduzir a carga tributária, desonerando a folha de pagamentos das empresas, e aumentar o salário do funcionalismo, o senhor ficou com a segunda opção. Por quê?
Lula: Primeiro porque a desoneração é baseada no nervosismo econômico, no aperto de determinado segmento.

O Estado tem que ter força. No Brasil, durante os anos 80, se criou a ideia de Estado mínimo. O Estado mínimo não vale para nada. O Estado tem que ter força para fazer as políticas que fizemos agora, na crise, com a compreensão do Congresso. Não pense que foi fácil tomar a decisão de fazer o Banco do Brasil (BB) comprar a Nossa Caixa em São Paulo.

Valor: Por quê?

Lula: As pessoas diziam: ´Ah, o presidente vai dar dinheiro ao Serra e o Serra é candidato´. Mas não dei dinheiro para o Serra. Comprei um banco que tinha caixa e para permitir que o BB tivesse mais capacidade de alavancar o crédito. Quando fui comprar (via BB) 50% do Banco Votorantim, tive que me lixar para a especulação.

Nós precisávamos financiar o mercado de carro usado e o Banco do Brasil não tinha ´expertise´. Então, compramos 50% do Votorantim, que tem uma carteira de carro usado de R$ 90 bilhões. Vocês têm dimensão do que foi ter uma Caixa Econômica Federal, um BNDES ou um BB na crise? Foi extremamente importante. A Petrobras apresentou estudo mostrando que deveria adiar o cronograma dos investimentos dela de 2013 para 2017.

Valor: Durante a crise?

Lula: É. Convoquei o Conselho da Petrobras para dizer: ´Olha, este é um momento em que não se pode recuar´. Até no futebol a gente aprende que, quando se está ganhando de 1 x 0 e recua, a gente se ferra.

Valor: E funcionou?

Lula: Quem sustentou essa crise foi o governo e o povo pobre, porque alguns setores empresariais brasileiros pisaram no breque de forma desnecessária. Aquele famoso cavalo de pau que o (Antonio) Palocci (ex-ministro da Fazenda) dizia que a gente não podia dar na economia, alguns setores empresariais deram por puro medo, incerteza. Essas coisas nós conversamos muito com os empresários, no comitê acompanhamento da crise. Agora não vai ter mais comitê de crise, mas sim de produção, investimento e inovação tecnológica. Estou otimista porque este é o momento do Brasil.
Valor: Por exemplo?

Lula: As pessoas estão compreendendo que fazer com que o pobre seja menos pobre é bom para a economia. Ele vira consumidor. Eles vão para o shopping e compram coisas que até pouco tempo só a classe média tinha acesso. Os empresários brasileiros precisam se modernizar.

Valor: A política de valorização do funcionalismo dificilmente poderá ser mantida por seu sucessor e nenhum dos candidatos tem ascendência sobre o movimento sindical que o senhor tem. Não é uma bomba relógio que o senhor deixa armada para o próximo governo?
Lula: Vocês acham que o Estado brasileiro paga bem?

Valor: O senhor acha que ainda ganha mal?

Lula: Você tem que medir o valor de determinadas funções no mercado e dentro do governo. Sempre achei que o pessoal da Petrobras ganhava muito. O Rodolfo Landim, quando era presidente da BR, há uns quatro anos, ganhava R$ 26 mil. Ele entrou na minha sala e disse: ´Presidente, tive convite de um empresário, estou de coração partido, mas não posso perder a oportunidade da minha vida´. Então, ele deixa de ganhar R$ 26 mil por mês e vai ganhar R$ 200 mil com dois anos de pagamento adiantado. Quanto vale um bom funcionário da Receita Federal, do Banco Central, no mercado? O que garante as pessoas ficarem no Estado é a estabilidade, não o salário.

Valor: Mas essa política de valorização salarial do funcionalismo é sustentável?

Lula: Como é que a gente vai deixar de contratar professores? Vou passar à história como o presidente que mais fez universidades neste país. Ontem, completamos a 11ª (das quais, duas foram iniciativa do governo anterior). Ganhamos do Juscelino Kubitschek, que fez dez. Teve governo que não fez nenhuma. E ainda há três no Congresso para serem aprovadas.

Valor: O senhor considera que o Estado hoje está arrumado?

Lula: A gente não deveria ficar preocupado em saber quanto o Estado gasta. Deveria ficar preocupado em saber se o Estado está cumprindo com suas funções de bem tratar a população. E ainda falta muito para chegar à perfeição.

Valor: O senhor foi vítima em 2002 do chamado “risco Lula”. Hoje, já há quem fale em “risco
Serra”. Existe mais risco para o país com o Serra do que com a Dilma?

Lula: Nunca ouvi falar de ´risco Serra´ (risos). Posso falar de cátedra. Sofri com o ´risco Lula´ desde 1989. Em 1994, eu tinha 43% nas pesquisas em março e o que eles fizeram? Diminuíram o mandato para quatro anos e proibiram mostrar imagem externa no programa eleitoral. As pessoas pensam que esqueci isso. Quando chegaram as eleições para a prefeitura (em 1996), revogou-se a lei e todo mundo pôde mostrar imagens externas. Quando eles ganharam, aprovaram a reeleição. Então, essa coisa de ´risco Lula´ eu conheço bem.

Valor: É possível voltar a acorrer?

Lula: Espero que minha vitória e meu governo sirvam de lição para essas pessoas que ficam dizendo: ´o Lula era risco, agora o Serra é risco, a Dilma é risco, a Marina é risco, o Aécio é risco´. É uma cretinice política! Porque é tão sério governar um país da magnitude do Brasil que ninguém que entre aqui vai se meter a fazer bobagem. Quem fez bobagem não ficou. Todo mundo sabe da minha afinidade com os trabalhadores, da minha preferência pelos mais pobres.

Entretanto, sou governante dos ricos também. E tenho certeza de que eles estão muito satisfeitos porque ganharam muito dinheiro no meu governo. Mais do que no governo ´deles´. Como pode um companheiro como a Dilma, o Serra, a Marina, todos que têm história, ficar sujeito a essa história de risco? E sabe por que não tem risco? Porque, se depois fizer bobagem, paga. Você pode ter visão diferente sobre as coisas, isso é normal. E agora mais ainda porque quem vier depois de mim.

Valor: Por quê?

Lula: Porque há um outro paradigma. Em cem anos a elite brasileira fez 140 escolas técnicas. Como é que esse torneiro mecânico faz 114? Estamos criando um paradigma. Fui ao Rio Maranguapinho (no Ceará) um dia desses. Estamos colocando lá R$ 390 milhões para fazer saneamento básico. Em Roraima são R$ 496 milhões para fazer saneamento e dragagem. Você sabe quanto o Brasil inteiro gastou em 2002 em saneamento?

Valor: Quanto?

Lula: R$ 262 milhões. Então, estamos colocando num bairro de Fortaleza o que foi colocado no Brasil inteiro naquele ano.

Valor: O senhor diria que pelo menos nos três fundamentos básicos da economia - superávit primário, câmbio flutuante e regime de metas - ninguém vai mexer porque foram testados na crise?

Lula: Para mim, inflação controlada é condição básica para o resto dar certo. Porque na hora que a inflação começar a crescer, os trabalhadores vão querer muito mais reajuste, os empresários também e a coisa desanda. Então, é manter a inflação controlada, a economia crescendo, permitir o crescimento do crédito. O Banco do Brasil sozinho hoje talvez tenha todo o crédito que o Brasil tinha em 2003.

Valor: Isso é bom ou ruim? Entre os anos 80 e 90, houve péssima gestão nos bancos estaduais, que acabaram quebrando…

Lula: Mas aí a culpa não é do banco. É irresponsabilidade da classe política. Os governantes transformaram os bancos públicos em caixa 2 de campanha. Emprestar dinheiro para amigo? Isso acabou. Não acho que ninguém que entre aqui vai ser bobo de mexer na estabilidade econômica e permitir que volte a inflação. Porque, se isso acontecer, o mandato é de apenas quatro anos.

Valor: A capacidade administrativa da ministra Dilma Rousseff, apesar do seu pouco carisma, e a confiança que o senhor tem em seu trabalho são suficientes para fazer dela uma candidata?

Lula: Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui.

Estou dizendo que para governar este país é preciso um conjunto de qualidades. E a primeira qualidade é ganhar eleição. Tem que ter muita humildade, determinação do projeto que vai apresentar. Tem que provar que é capaz de gerenciar. Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha essa capacidade gerencial da Dilma. Às vezes as pessoas falam ´ela é dura´. Mas é que a mulher tem que ser mais dura mesmo.

Valor: Por quê?

Lula: Porque numa discussão política, para você se impor no meio de 30 ou 40 homens, é assim. A Dilma é muito competente. Feliz do país que vai ter uma disputa que pode ter Dilma, Serra, Marina, Heloísa Helena, Aécio. Houve no país um avanço qualitativo nas disputas eleitorais.

O Fernando Henrique e eu já fomos um avanço extraordinário. Fico olhando e vejo que não tem um único candidato de direita. Isto é uma conquista extraordinária de um Brasil exuberante. É evidente que Serra tem discordância da Dilma e vice-versa, mas ninguém pode acusar um e outro de que não são democratas e não lutaram por este país.
Valor: Qual é a diferença entre eles?

Lula: Vai ter. Se for para fazer (um governo) igual não tem disputa. E, aí, o povo vai escolher por beleza… Não sei se serão só os dois. Mas são candidatos de qualidade.

Valor: Privatizar ou não privatizar pode ser a diferença?

Lula: Não.

Valor: Por que o senhor é contra a privatização?

Lula: Tudo aquilo que não é de interesse estratégico para o país pode ser privatizado. Agora, tudo o que é estratégico, o Estado pode fazer como fez com a Petrobras e o Banco do Brasil.

Valor: A Infraero é estratégica?

Lula: O Guido (Mantega, ministro da Fazenda) foi determinado a fazer um estudo sobre a Infraero, para ver se ela vira uma empresa de economia mista. O que nos interessa é que as coisas funcionem corretamente. Pedi ao Jobim (Nelson, ministro da Defesa) estudar o processo de concessão de um ou outro aeroporto para gente poder ter um termômetro, medir a qualidade de funcionamento. O que é estratégico no aeroporto é o controle do espaço aéreo e não ficar pegando passaporte de passageiros.

Valor: O senhor, então, não é contra a privatização por princípio?

Lula: Eu sou muito prático. Entre o meu princípio e o bom serviço prestado à população, fico com o bom serviço.

Valor: Quando o senhor falou dos candidatos, não mencionou Ciro Gomes.

Lula: O Ciro é um extraordinário candidato. De qualquer forma o PSB tem autonomia para lançar o Ciro candidato.

Valor: O senhor é o presidente mais popular da história do Brasil. No entanto, este Congresso é um dos mais desmoralizados. Por que o PT fracassou na condução do Congresso?
Lula: Você há de convir que a democracia no Brasil funciona com muito mais dinamismo que em qualquer outro lugar do mundo. O PT elegeu 81 deputados em 513 e 12 senadores em 81. A gente precisa dançar mais flamenco do que em qualquer país do mundo. Você vai ter que ter mais jogo de cintura. Exercitar a democracia é convencer as pessoas, é sempre mais difícil.

Valor: Por quê?

Lula: O Congresso é a única instituição julgada coletivamente. Se não teve sessão você fala: ´Deputado vagabundo que não trabalha´. Agora, nunca cita os que estiveram lá, de plantão, o tempo inteiro. Quando era constituinte, eu ficava doido porque ficava trabalhando até as duas, três horas da manhã. O Ulysses (Guimarães) ficava uma semana sem votar. Quando ele começava a votar, aquilo varava a noite.

No dia seguinte, pegava o jornal, que dizia ´sessão não deu quórum porque os deputados não foram trabalhar´. Mas havia lá 200 em pé. Toda vez que vou a debates com estudantes, em inauguração de escolas, eu falo isso: ´Se vocês não gostam de política, acham que todo político é ladrão, que não presta, não renunciem à política. Entrem vocês na política porque, quem sabe, o perfeito que vocês querem está dentro de vocês´.

Valor: O senhor disse que o Brasil deve comemorar o fato de não ter candidatos de direita na eleição presidencial. Por que depois de tantas tentativas de aproximar PT e PSDB, isso não deu certo?

Lula: Porque na verdade nós somos os principais adversários.

Valor: Em São Paulo?

Lula: Em São Paulo e em outros lugares. Há uma disputa.

Valor: A aliança PT-PSDB é impossível?

Lula: Acho que agora é impossível.

Valor: Como o senhor avalia sua relação com a oposição, sobretudo no momento em que se discute o marco regulatório do pré-sal?

Lula: Essa oposição teve menos canal com o governo. Certamente o DEM e o PSDB pouco tiveram o que construir com o governo. Possivelmente quando eles eram governo, o PT também construiu poucas possibilidades. O projeto do pré-sal tal, como ele foi mandado, não é uma coisa minha. O trabalho que fizemos foi, sem falsa modéstia, digno de respeito, tanto é que o Serra concorda com o modelo. O Congresso tem liberdade para mudar.

Valor: A oposição diz que o governo pediu urgência para usar o projeto de forma eleitoreira. A urgência era exatamente por quê?

Lula: Porque precisamos aprovar o mais rápido possível para dizer ao mundo o que está aprovado e começar a trabalhar. Acho engraçado a oposição dizer isso. A oposição votou em seis meses cinco emendas constitucionais no governo Fernando Henrique Cardoso.

Valor: O senhor volta com o pedido de urgência, se for o caso?

Lula: Depende. Atendi ao pedido do presidente da Câmara, Michel Temer. Vamos votar no dia 10 de novembro. Isso me garante. Termino o mandato daqui a um ano. Serei ex-presidente, nem vento bate nas costas. Não é para mim que estou fazendo o pré-sal. O pré-sal é para o país.

Valor: O que o senhor pretende fazer depois que deixar o governo?

Lula: Não sei. A única coisa que tenho convicção é que não vou importunar quem for eleito.
Valor: Todo mundo tem medo que o senhor volte em 2014…
Lula: Medo? Acho que deveria ter alegria, se eu voltasse. Na política a gente tem de ter sempre o bom senso. Vamos supor que a Dilma seja eleita presidente da República…

Valor: E se ela perder a eleição? O senhor vai se sentir pressionado pelo PT a disputar em 2014?

Lula: Vou trabalhar para o povo votar favoravelmente, mas, se votar contra, vou ter o mesmo respeito que tenho pelo povo. Se ela for eleita, tem todo o direito de chegar a 2014 e falar ´eu quero a reeleição´.

Valor: E se ela não for eleita?

Lula: Não trabalho com essa hipótese, mas obviamente que, se não acontecer o que eu penso que deve acontecer, a história política pode ter outro rumo.

Valor: Parece que está consolidada a percepção de que o país terá câmbio apreciado por um bom tempo. O senhor teme uma desindustrialização?

Lula: O nosso objetivo é industrializar o máximo possível. O Palocci disse uma frase que é simples e antológica: ´o problema do câmbio flutuante é que ele flutua´. Obviamente que nós já estamos discutindo isso. Trabalhamos com a hipótese de que vai entrar muito dólar no Brasil. Precisamos trabalhar isso com carinho.

Em contrapartida, também estamos avançando na questão de fazer trocas comerciais nas moedas dos países. Não preciso do dólar para fazer comércio com a China, a Índia, a Rússia. Podemos fazer comércio com nossas moedas e com as garantias dos bancos centrais. Esta é uma coisa nova que já começamos a discutir. Na última reunião dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), foi constituído um grupo de trabalho para pensar sobre isso.

Não é possível você tratar da economia com teoricismo, de que você acha que hoje pode tomar uma decisão para evitar que alguma coisa aconteça daqui a dez anos. Esta crise econômica mundial mostrou isso. Hoje é unanimidade mundial que o Brasil é o país mais preparado para enfrentar isso. Nunca tivemos nenhum plano econômico. Cada vez que tinha uma crise vinha um e apresentava um plano. Quebrava. Os bancos hoje estão sendo processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma dívida de mais de R$ 150 bilhões, por causa dos planos Bresser e Verão.

Valor: Os bancos pediram ajuda ao governo?

Lula: Não é que o governo vai ajudar. O governo é o responsável. O governo fez a lei. Eles cumpriram a lei. Se eles perderem no STF, sabe o que vai acontecer?

Valor: A conta vai para o Tesouro.

Lula: Eles vão acionar a União. Obviamente que é isso. E quem fez os planos está dando palpites nas economias. Este é o dado. Também peço a Deus que eu não deixe nenhum esqueleto para meus sucessores. Por isso, estou mais tranquilo para tomar as decisões, mais meticuloso, para fazer as coisas. Eu fico imaginado, quando eu não estiver mais aqui dentro, o que é que um ex-presidente pode esperar do país.

Que um venha e faça mais do que ele. Porque isso é o que vai fazer o país ir para a frente. Somente uma figura medíocre é capaz de torcer para o cara não dar certo. Porque, quando não dá certo, eu não vi nenhum político ter prejuízo. Ele pode perder a eleição, mas não tem prejuízo. Agora, o povo pobre é que paga a conta, se a política não der certo.

Valor: Qual vai ser o discurso da sua candidata?

Lula: Vamos deixar a candidata construir. Mas eu acho o seguinte: o que eram as campanhas passadas? Quem vai controlar a inflação, o salário mínimo de US$ 100, não era isso? Isso acabou. Não se fala mais em FMI, não se fala mais em salário mínimo de US$ 100, não se fala mais em inflação.
Valor: Mas no FMI o senhor vai falar?

Lula: Vou falar porque agora somos credores do FMI.

Valor: A França se tornou nosso parceiro prioritário em detrimento dos EUA?

Lula: Não sei porque não pensaram nisso antes. A França é o único país europeu que faz fronteira com o Brasil. São 700 quilômetros de fronteira. Isso é uma vantagem comparativa da relação com a França. Nós sempre teremos uma excelente relação com o EUA. Sempre teremos uma belíssima relação com a Europa. Mas isso não atrapalha que nós tenhamos relações bilaterais estratégicas com outros países. Acho que os Estados Unidos precisam ter um olhar para a América Latina mais produtivo, mais desenvolvimentista.

Valor: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai sair para se candidatar ao governo de Goiás?

Lula: Sinceramente, o Meirelles não devia pensar em ser candidato a governador, coisa nenhuma. É que esse negócio (fazer política) tem um comichão…

Retirado do Vermelho...

sábado, 29 de agosto de 2009

Tucanos pedem a estrangeiros ajuda na CPI...


“O Senador Alvaro Dias declarou que o partido está em negociação com uma empresa de Houston, nos Estados Unidos, para auxiliar seu trabalho na CPI da Petrobras. E diz mais “Foi a única empresa até agora que topou nos ajudar porque não é daqui e deve trabalhar para as concorrentes da Petrobrás. Na próxima semana devemos ter muito mais munição”.

As motivações do PSDB aos poucos vão ficando claras. Para atacar um patrimônio nacional busca apoio em uma concorrente nos Estados Unidos, país que tem enorme interesse no enfraquecimento da Petrobras, já que pretende que suas empresas de petróleo ganhem importante fatia do pré-sal. Para isso contam com um senador tucano, que se dispõe a fazer o jogo do capital internacional contra a empresa brasileira.

Depois de tentar mudar o nome da empresa para PETROBRAX, agora os tucanos se dispõem a prestar relevantes serviços aos concorrentes de nossa maior empresa. Mas, sobre isso, a imprensa não fala uma linha.

Álvaro Dias deverá se encontrar com representantes de uma empresa de Houston na próxima semana para fechar contrato de investigação sobre a Petrobras. Dias deixou subentendido que a investigação que ficará a cargo da tal empresa pode ultrapassar a análise dos documentos enviados à CPI. O senador falou sobre essa questão com jornalistas do Globo, Estadão e Folha. Mas não deu detalhes.

Outro senador que estaria envolvido nos contatos com a empresa é Sérgio Guerra, mas ele se nega a falar sobre o assunto.”


Extraído do Conversa Afiada...

Nota do Thalera: e aí brasileiros e brasileiras, vamos deixar os nossos citados senadores venderem nosso patrimônio assim, sem mais nem menos??? O maior crime contra a pátria é a traição...
Revolução já!!!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Estou cansado...


Estou cansado... é tanta coisa ruim e desmotivante que cansa... e o pior, eu não vejo mudança no curto prazo!!!
Estou cansado de ver escândalos na política e nada acontecer... aliás, estou cansado de ver sempre os mesmos políticos em evidência...
Estou cansado de ver a mídia manipular informações para enfraquecer certas pessoas e a maioria não perceber... ou o que é pior, fingir não perceber como se nada pudesse ser feito!!!
Estou cansado de ver o país finalmente caminhar pra frente e ainda sim existir brasileiros pessimistas...
Cansado de ver o melhor presidente da história do Brasil ainda sofrer preconceito por vir de uma família pobre, humilde... cansado de ver o jogo político passar por cima do bem nacional...
Estou cansado de ver o mundo vir abaixo economicamente, pessoas perderem o emprego, casas e a cabeça enquanto poucos ganham rios de dinheiro...
Estou cansado de ver a propaganda americana ainda triunfar... cansado de ver somente filmes americanos em evidência, com o mesmo blablabla, onde somente os Estados Unidos é que são bons, podem salvar o mundo, são inteligentes, etc e mais blablabla...
Cansado de ver guerras, gente morrendo e ainda sim quem as mata sair como se fossem heróis... e o mundo ficar em silêncio, já que não é com a gente!!!
Estou cansado de ler, escutar e ver que o holocausto foi uma crueldade, uma brutalidade enquanto aqueles que sofreram nas mãos de Hitler hoje atacam uma faixa de Gaza indefesa, pobre, matando várias pessoas e ainda sim ninguém falar nada... eles podem afinal... comandam a mídia e os bancos!!! E temos que baixar a cabeça...
Estou cansado de trabalhar e trabalhar e trabalhar e ao mesmo tempo ver meus sonhos cada dia mais distantes...
Estou cansado deste sistema... cansado da desigualdade... cansado de ficar cansado!!!
Enfim, estou cansado mas de consciência tranquila... afinal, continuo na luta... é melhor morrer lutando do que aceitando a derrota...
Estou cansado de acreditar... mas ainda sim acredito que o mundo está mudando para melhor e que mais cedo ou mais tarde as pessoas irão se libertar daqueles que desde o começo da humanidade dominam tudo e todos... é uma questão de tempo...

Revolução já!!!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Crise do capitalismo: desemprego galopante nos EUA...


Depois de receberem trilhões de euros, banqueiros e governos afirmam, sincronizados, que já se começam a ver sinais positivos, que tudo indica que o pior da crise já teria passado. Teria? Os números da evolução do desemprego nos EUA desmentem essa realidade feita de dilapidação dos dinheiros públicos em proveito de alguns, poucos.

Por Jerry Goldberg, para o jornal Avante!


O relatório de 2 de julho do Gabinete de Estatística do Trabalho (Bureau of Labor Statistics) confirmou o desastre econômico que a classe operária dos EUA está a enfrentar. Em junho, 14,7 milhões de pessoas estavam desempregadas – 9,5 por cento da população ativa, sendo os níveis ainda mais elevados entre os negros, latinos e jovens. Desde o início da recessão, em dezembro de 2007, o número de desempregados aumentou 7,2 milhões. O número de desempregados de longa duração (27 semanas ou mais) passou de 433.000 para 4,4 milhões.

O número dos que trabalham involuntariamente a tempo parcial era de 9 milhões, subiu 4.4 milhões desde o início da recessão. Outros 2,2 milhões de desempregados não constam das estatísticas oficiais porque não procuraram trabalho nas últimas quatro semanas, incluindo 793.000 trabalhadores que já "perderam a coragem" para o fazer.

No Michigan, a taxa de desemprego ultrapassa os 15 por cento, sendo a primeira vez em 25 anos que um estado apresenta um índice tão elevado. Catorze outros estados e o distrito de Colúmbia têm níveis oficiais de desemprego superiores a 10 por cento. A Reserva Federal estima que, a nível nacional, a taxa de desemprego ultrapasse os 10 por cento no final do ano.

Apesar destas estatísticas e previsões devastadoras, Lawrence Summers, o principal conselheiro econômico do presidente Barack Obama, afirma que o plano para estimular a economia nacional está a dar resultados e descarta um colapso econômico. O otimismo de Summers advém provavelmente dos lucros da banca, que recuperou pelo menos temporariamente. Os bancos foram os beneficiários do balão de oxigênio federal de US$ 750 bilhões, dos milhões de milhões mais em dinheiro barato que neles despejou a Reserva Federal, e das centenas de milhares de milhões recebidas através do American International Group (AIG).

A atual recessão, com o seu crescente desemprego, assenta na pauperização dos salários e na destruição de tabelas salariais decentes negociadas com os sindicatos. Um estudo do Bureau of Labor Statistics revela uma queda de 55 dólares por semana nos rendimentos desde 1973 a 2004, calculada com base no valor do dólar em 1982. Quando o salário diminui, os trabalhadores têm ainda mais dificuldade em comprar os bens e serviços que produzem, o que leva à sobreprodução capitalista, à recessão e ao desemprego.

O que travou a atual crise durante uma data de anos foram os trilhões de dólares lançados na economia capitalista através de sistemas de crédito. Primeiro os bancos alargaram o crédito fácil através dos cartões de crédito durante alguns anos. Depois, quando os cartões atingiram o limite máximo, o capitalismo virou-se para o crédito à compra de habitação fazendo inflacionar o preço das casas e induzindo as pessoas a colocar as suas casas em esquemas paralelos de refinanciamento à habitação. Os bancos fizeram lucros imensos com taxas e juros elevadíssimos.

"Sources and uses of Equity Extracted from Homes", um estudo publicado por Alan Greenspan e James Kennedy em março de 2007, mostra quanto dinheiro foi artificialmente injectado na economia capitalista por causa disso. Os autores calcularam o montante deste "dinheiro fresco", que definem como o valor da venda de habitação, refinanciamento ou empréstimos equilibrados à habitação, deduzindo a dívida da hipoteca paga fora de tempo em períodos cada vez mais estreitos.

Os números são enormes. O montante de "dinheiro fresco" gerado foi de US$ 757,8 bilhões em 2002, US$ 1,003 trilhão em 2003, US$ 1,170 trilhão em 2004 e 1,429 trilhão em 2005. Esta injeção de trilhões de dólares permitiu aos trabalhadores e aos pobres continuar a comprar bens de consumo e serviços mesmo quando os seus salários falharam.

Este cerca de um trilhão de dólares por ano que forneceu combustível ao consumo através do boom da habitação desapareceu agora da economia. A bolha imobiliária rebentou e o preço das casas está em queda livre. Venda de casas, refinanciamento e empréstimos equilibrados estão virtualmente parados. O plano de estímulo de Obama, que visa injetar 787 bilhões de dólares na economia capitalista durante este ano e em 2010, é apenas cerca de metade dos US$ 1,429 trilhão que a bolha imobiliária injectou na economia só em 2005.

Até o programa de apoio à habitação (Home Affordable Program) implementado pelo secretário do Tesouro é na verdade um balão de oxigénio disfarçado para os bancos, representando uma ajuda mínima aos proprietários ameaçados de execução hipotecária. Uma simples moratória na execução hipotecária teria de percorrer um longo caminho para dar ao Home Affordable Program alguma substância, mas apesar de ter falado em moratória na sua campanha, o presidente Obama não voltou a usar essa palavra desde que foi eleito. A classe trabalhadora tem de lutar e exigir empregos ou rendimentos agora, e uma moratória na execução de hipotecas e de despejos, para além de um plano de estímulo efectivo com milhões de milhões de dólares para reconstruir as cidades e manter as fábricas a funcionar.


Extraído do Vermelho...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Correção...

Pessoal, o último post sobre a gripe suína continha alguns erros que poderiam prejudicar algumas pessoas.
Favor desconsiderar o post. Se alguém copiou as perguntas e respostas, favor desconsiderá-las.

E obrigado à Conceição Leme, que eu leio sempre e me deu a dica sobre as respostas erradas.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Charge sobre o sistema...



Revolução já!!!

A queda do império americano...


Uma americana, historiadora, me disse ontem que os Estados Unidos estão "going down", ou seja, caindo, perdendo, acabando... (escutar isso de um americano é difícil viu...)!!!
Disse-me ela também que na história mundial um império com muito poder normalmente não dura mais de 2 séculos, segundo a história... e completou que os Estados Unidos ainda imperam, mas começamos a ver sua queda, que será aos poucos, firme, para todo o mundo ver...
Eu, Thalera, creio que o mundo está acordando... e que seria melhor se não houvesse impérios, e sim um mundo igual para todos...
Voltando à americana, ela confirmou o que disse com um gráfico sobre o nível de empregos na terra do Tio Sam durante os momentos de crise (esta atual inclusive)... vejam como o número de empregos não segue a regra das outras crises, pois continua a cair depois de certo tempo dentro do furacão... ou seja, segundo minha amiga é o fim, pois para recuperar todos esses empregos, será muito difícil...
Ainda mais com a China produzindo tudo o que se comercializa por aqui...

Eu disse pra ela mudar ao Brasil, onde os empregos e economia estão firmes... e dei a dica para ela não ir a São Paulo, que está o caos...

Se alguém tiver alguma dúvida quanto ao gráfico, escreva um comentário que eu respondo assim que o ler... e se a imagem parecer pequena, clique sobre ela para aumentar...

Revolução já...

Cuidado: para eleger Serra a Folha vai te matar...


Extraído do Viomundo...

por Conceição Lemes*

Jornalismo de saúde é uma área em que não dá para, no dia seguinte, simplesmente dizer: erramos.

A essa altura, devido à reportagem malfeita por incompetência e/ou má-fé, muitas pessoas assumiram como verdadeira a informação mentirosa, distorcida, equivocada; algumas já tomaram o caminho errado. Minimizar o estrago não é fácil; revertê-lo 100%, impossível.

A Folha de S. Paulo não aprendeu isso com a febre amarela, quando cometeu – junto com o restante da mídia corporativa – um verdadeiro crime contra a saúde pública dos brasileiros.

No domingo passado, 19 de julho, reincidiu: “Reportagem da Folha sobre gripe suína é totalmente furada; uma irresponsabilidade”.

Só para relembrar, a chamada de capa era taxativa: Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses. A interna, da matéria propriamente dita, chutava bem mais alto: Gripe pode afetar até 67 milhões de brasileiros em oito semanas

Ao descer os olhos pela matéria, se descobria que os cálculos da reportagem se basearam num estudo de 2006 que visava o vírus H5N1, responsável pela gripe aviária. Não tem nada a ver com o vírus H1N1, causador da influenza A, também chamada de gripe A, nova gripe ou gripe suína.

Para alguém com informação na área de saúde ou médica, a estupidez do artigo e a intenção de disseminar o pânico eram flagrantes. Mas para a população em geral, não. O risco era provocar uma corrida desnecessária aos hospitais.

O Viomundo entrevistou o dr. Eduardo Hage, diretor da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. Foi o mesmo entrevistado pela Folha. As suspeitas se confirmaram.

“A reportagem da Folha do domingo [19 de julho] da Folha sobre gripe suína é totalmente furada”, alertou Eduardo Hage. “Uma irresponsibilidade.”

“Há um erro capital na reportagem, e jornalista foi alertado”, revelou o dr. Hage. “Os parâmetros do estudo do vírus H5N1 não valem para a nova gripe. Mesmo assim, o jornalista utilizou parâmetros do estudo para o vírus H5N1 para calcular quantas pessoas poderiam ser infectadas pelo novo vírus, quantas precisariam de cuidados médicos e quantas seriam internadas por complicações da doença.”

“Os parâmetros utilizados pela Folha de S. Paulo não têm base epidemiológica, estatística. É pura ilação, sem qualquer base científica. Foi um chute a quilômetros de distância do alvo”, acrescentou Hage. “Só espero que esses cálculos equivocados não sejam uma tentativa de gerar desinformação, como aconteceu na febre amarela.”

No próprio domingo, o Ministério da Saúde, por meio da sua assessoria de imprensa, enviou carta ao Painel do Leitor, na tentativa de restabelecer a verdade dos fatos. Foi publicada na edição de segunda-feira. “Não há modelos matemáticos disponíveis no mundo para se realizar uma projeção sobre o número de pessoas que serão afetadas pela influenza A”; “Todos os cálculos..., utilizados pela reportagem, são referentes a uma possível pandemia da gripe aviária, causado pelo vírus H5N1, entre outras. Os parâmetros não são válidos para a influenza A (H1N1).”

Ficou por isso mesmo. Mais uma vez o autor da matéria ignorou o alerta. Em resposta à carta do Ministério da Saúde, ele responde sem responder, subestimando a inteligência dos leitores, como se todos fossem idiotas.

Neste domingo, ao ler a coluna Ombudsman, assinada pelo jornalista Carlos Eduardo Lins e Silva, uma grata surpresa, a começar pelo título -- No limite da irresponsabilidade.

No primeiro parágrafo, Carlos Eduardo diz tudo:

“A REPORTAGEM e principalmente a chamada de capa sobre a gripe A (H1N1) no domingo passado constituem um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008”.

Na sequência, arrola preocupações levantadas pelo Viomundo:

“É quase impossível ler isso [número de brasileiros que poderiam ser afetados e os de hospitalizações] e não se alarmar. Está mais do que implícito que o modelo matemático citado decorre de estudos feitos a partir dos casos já constatados de gripe A (H1N1) no Brasil.

Mas não. Quem foi à página C5 (e não C4 para onde erradamente a chamada remetia) descobriu que o tal modelo matemático, publicado em abril de 2006, foi baseado em dados de pandemias anteriores e visavam formular cenários para a gripe aviária (H5N1).

Ali, o texto dizia que "por ser um esquema genérico e não um estudo específico para o atual vírus, são necessários alguns cuidados ao extrapolá-lo para o presente surto".

Ora, se era preciso cautela, por que o jornal foi tão imprudente?”

Vários leitores se manifestaram ao ombudsman sobre a matéria: "leviana e irresponsável"; "se o objetivo do jornal era espalhar pânico, conseguiu o intento”; "trata-se claramente de sensacionalismo.”

“O pior”, termina Carlos Eduardo, “é que a Redação não admite o erro.”

O dr. Eduardo Hage alertou para o erro, o jornalista ignorou e foi em frente. O Ministério da Saúde mandou a carta ao jornal, ele deu ombros. O ombdusman cobrou, a redação não admitiu o erro.

Na certa, a esta altura, alguns devem estar me cobrando: “Se jornalismo de saúde é uma área em que não dá para simplesmente dizer 'erramos', como fica a Folha que nem admite o erro?”

Saúde é uma área em que não dá mesmo para a gente errar. Por isso, temos que ser extremamente cuidadosos, responsáveis, éticos. Afinal, estamos lidamos com o bem mais precioso de todo mundo: a vida.

Mas errar acontece. Aí, temos que irremediavelmente assumir o erro, destacando o equívoco e mostrando a informação correta. É o único de minimizar os “efeitos colaterais”.

Agora, errar é humano, perseverar no erro é burrice, diz o ditado popular. No caso da Folha, perseverar no erro parece má-fé. Reforça a hipótese de que o objetivo era gerar pânico na população, promover corrida aos hospitais e, aí, jogar a conta nas costas do governo federal.

Uma decisão que não foi do jornalista arrogante nem da redação, mas provavelmente do dono da Folha, Octávio Frias Filho, que nunca faria isso se tivesse, de fato, o rabo preso com leitores.

Será por que o ministro José Gomes Temporão é do ramo e está fazendo uma gestão competente e transparente, deixando no chinelo o ex-ministro José Serra?

Será que se o ministro atual fosse o governador José Serra isso teria acontecido?

Será que a intenção era tirar o foco de São Paulo e Rio Grande do Sul, estados com maior número de casos até o momento e governados pelo PSDB?

Será...? Será...? Será...? Não faltam conjecturas.

O fato é que se o jornalista Hélio Schwartsman, autor da matéria, e o senhor Otavinho tivessem passado, pelo menos, UMA HORA das suas vidas num pronto-socorro, como o do Hospital das Clínicas de São Paulo ou do Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, não teriam sido tão levianos, irresponsáveis e inconsequentes com a saúde da população, inclusive a dos leitores da Folha.

Fazer política com notícias de saúde pode ser fatal. Afinal, jornalismo porco na área de saúde causa doenças físicas e emocionais, efeitos colaterais graves e pode até matar.

* Conceição Lemes é jornalista especializada em Medicina e Saúde.


Nota do Thalera: a quem a folha de s. paulo defende??? A quais interesses??? Do povo brasileiro???
Revolução já!!!

sábado, 25 de julho de 2009

Que tipo de brasileiros são esses???


Extraído do Conversa Afiada...

Alerta: todo cuidado é pouco !

O Conversa Afiada adverte os amigos navegantes com o comentário da

Vera Borda em 25/julho/2009 as 14:33

Fonte de Edu Guimarães no jornal Folha de São Paulo informou que está sendo preparada pesquisa forjada mostrando queda da popularidade de Lula e de Dilma por causa da defesa do Sarney. A coisa foi decidida numa reunião na casa de FHC com a participação de Octavio Frias, Civita, Serra e um emissário da Globo.


Nota do Thalera: quais os valores destes senhores??? O que essa atitude trará de bem para o país??? Eles não estão pensando mais em poder do que no país??? Como podem os meios de comunicação que se dizem independentes tramam às escondidas uma mentira para desmoralização do governo???

REVOLUÇÃO JÁ!!!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Hipocrisia no Senado...


Na última eleição parlamentar para a presidência do Senado, o atual presidente da casa José Sarney (PMDB) teve total apoio tanto do DEM(os) e do PSDB (partido só de bacana). O candidato que concorria diretamente para a presidência era Tião Viana, do PT. E hoje, quem critica e acusa Sarney são os mesmos senadores que o elegeram.
Seja lá por qual motivo, Sarney começou a apoiar o governo Lula. E isso enfureceu a oposição. Agora taxam Sarney de corrupto, impostor, imagem do atraso, etc... Todos sabem que Sarney sempre foi tudo isso e muito mais... então por que criticar só agora???
É muita hipocrisia. Afinal, Lula apoiou o seu candidato, e não Sarney. Agora que Lula, para evitar uma crise institucional, está com Sarney todos vem pro ataque!!!

O Brasil sempre ficará no atraso quando os nossos políticos pensarem mais neles mesmos, em seu poder, do que no país... e é o que vemos e sempre vimos no Congresso. CPI da Petrobrás??? Privatização da Vale??? Serra não baixar IPI em São Paulo??? Onde está, minha gente, o patriotismo e a vontade de fazer o país crescer com estas atitudes e decisões???

Pensem bem na hora de votar...
REVOLUÇÃO JÁ!!!

Serra não baixa os impostos para a linha branca...


Enquanto o Presidente Lula trabalha duro para reaquecer a economia, manter os postos de emprego nos setores que estão entre os mais afetados pela crise econômica mundial, o governador José Serra, vai na contramão e prejudica as pessoas de baixa renda. Veja mais uma do governador dos ricos:

O impacto nos preços, ocasionado pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos produtos da chamada linha branca, foi anulado no Estado de São Paulo, devido à substituição tributária de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) promovida pelo governador José Serra .

Como efeito prático, a medida acaba por anular o benefício da diminuição da alíquota do IPI, adotada recentemente pelo governo federal a fim de estimular o consumo, e acaba, aumentando em vez de diminuir preços, conforme mostra tabela a seguir da UOL

Preços no varejo paulista

Produto

Fogão de 4 bocas
R$ 890,00 Preço antes da redução IPI
R$ 830,00 Preço depois da redução do IPI (Lula)
R$ 908,00 Preço com substituição tributária (ICMS) do José Serra

Geladeira com freezer
R$ 1.400,00 – Preço antes da redução IPI
R$ 1.240,00 – Preço depois da redução do IPI (Lula)
R$ 1.350,00 – Preço com substituição tributária (ICMS) de José Serra

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Mais essa do Gilmar... até quando vamos aturar???


Saiu na Folha Online:

STF determina retorno de oito deputados suspeitos de desviar R$ 280 mi em Alagoas

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, determinou hoje que oito deputados estaduais de Alagoas afastados por suspeita de corrupção retornem urgentemente à Assembleia Legislativa. Eles foram afastados em março de 2008 após decisão liminar do juiz Gustavo Souza Lima, da 16ª Vara Cível da Capital.
Eles são acusados de desviar cerca de R$ 280 milhões da Assembleia em uma operação desarticulada pela Operação Taturana, da Polícia Federal.
Mendes suspendeu os efeitos da liminar que afastou os parlamentares e ainda determinou a retomada “urgente” a seus cargos. Como a Casa está em recesso, eles só devem retomar seus trabalhos no dia 4 de agosto.


Nota do Thalera: até quando vamos aguentar calados companheiros??? Até quando vamos ver quem está no poder deitar e rolar e a gente ralando, pagando imposto, sendo roubados na nossa cara?!?!
O gilmar mendes (em minúsculo mesmo) já mostrou várias vezes que é a favor da corrupção e impunidade... vamos tirar esse cara de lá!!!

REVOLUÇÃO JÁ!!!