segunda-feira, 13 de julho de 2009

Um texto imperdível...


Laerte Braga: Sto Antônio do Paraibuna, Juiz de Fora e Queiroz Galvão

por Laerte Braga

Uma das características dos tempos atuais, neoliberalismo, é a apropriação da coisa pública pela coisa privada. O antigo estado do Espírito Santo, por exemplo, é hoje um conglomerado de empresas. ARACRUZ, VALE, SAMARCO E CST são as principais acionistas. A suposição que o extinto estado tenha um governador e as cidades prefeitos é só suposição mesmo.

São capatazes das empresas.

Só o banqueiro Daniel Dantas (esse já num plano maior, acionista do BRASIL/SA) tem perto de duas mil concessões de lavra de minérios que não explora. Ou seja. Requer as concessões e de posse delas negocia com empresas estrangeiras e umas poucas nacionais associadas (empresário não tem pátria) e pouco a pouco o subsolo do País, tanto quanto o solo, vai virando propriedade privada. A esses se soma o latifúndio e seu agronegócio. Vale dizer o roundup nosso de cada dia na soja, no girassol, no milho, no feijão e minerais estratégicos indo embora.

O general Augusto Heleno, ex-comandante militar da Amazônia, acha que os índios são os responsáveis por um eventual risco de desintegração do território nacional. A posse da Amazônia por potências estrangeiras. Chegam disfarçados de índios e trabalhadores rurais, seringueiros e outros. Que o governo do quase extinto estado do Pará seja propriedade da VALE não preocupa o general.

Que o Norte do País esteja se transformando numa grande república VALE é o de menos para o general. Perigo são os índios e os trabalhadores.

É direita volver, rumo ao maior de todos os conglomerados, os Estados Unidos.

O crescimento populacional, inchaço de cidades, gerou um problema do qual boa parte das pessoas não tem conhecimento na sua totalidade – importância – e quando querem, têm a atenção e o interesse desviados pela mídia. A chamada grande mídia, no seu todo, comprometida e sustentada pelas grandes empresas que avançam sobre o País, os estados e as cidades.

O lixo é um grande problema, ou um dos grandes. Num mundo governado pelo deus mercado, onde o paraíso se situa em Wall Street e tem sucursais em várias partes como o esquema FIESP/DASLU, as grandes empresas transformaram o lixo em fonte de lucro e no velho esquema mafioso dividiram o Brasil em regiões e cada qual tem o seu quinhão.

Para isso é necessário que tenham governos corruptos, justiça dócil, cumplicidade dos meios de comunicação em sua maioria e que a culpa, como aconteceu faz pouco na antiga cidade de Juiz de Fora, hoje Queiroz Galvão S/A, seja dos lixeiros.

Ao assumir a Prefeitura de Juiz de Fora, num esquema de teatro muito bem feito, o ex-prefeito Alberto Bejani montou todo o espetáculo em torno da inviabilidade e do esgotamento da capacidade do aterro sanitário de Salvaterra, numa farsa de fazer inveja a qualquer grande autor ou ator. Alegando urgência, emergência, disposto a salvar a antiga Juiz de Fora da invasão de dejetos por todos os cantos, assinou um contrato com a VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL LTDA, braço da Queiroz Galvão, máfia que opera o “negócio” do lixo em algumas partes do Brasil.

Ato contínuo, sempre no espírito de salvar a cidade e encher seus bolsos, o então prefeito determinou a abertura de uma licitação pública para a construção de um novo aterro, no bairro de Dias Tavares, sem a menor preocupação com a lei ambiental e sem disfarçar que a vencedora seria a Queiroz Galvão. Um mês antes dos resultados da licitação a empresa já havia comprado a fazenda Barbeiro, sede do novo aterro.

Um contrato superior a 200 milhões de reais por cinco anos para livrar a cidade do lixo nosso de cada dia e algo em torno de 20% disso para o alcaide e seus sicários, no velho esquema do por fora. Nessa jogada, como a empresa atua em várias cidades mineiras e de outros estados, o envolvimento de setores do governo estadual, principalmente a FEAM – FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE –. O órgão, em tese encarregado de cuidar da proteção ambiental tem como procurador Joaquim Martins, predador do dinheiro público, vulgo Quinzinho, exatamente o seu preço. Quinze por cento.

Se as obras do aterro sanitário em Dias Tavares infringem a lei ambiental e causam danos irreparáveis, principalmente às reservas de água da antiga Juiz de Fora, paciência. É quando o crime compensa e o povo que se dane.

O mais interessante, se é que isso é interessante, é que a construção do novo aterro não implica em acabar com Salvaterra. O lixo continuará sendo levado para aquele aterro e de lá feito o transbordo para Dias Tavares. É a primeira etapa da privatização, chamam de terceirização, dos serviços de limpeza urbana.

No futuro, não muito distante, já senhora da cidade, com um novo gerente, Custódio Matos, a Queiroz Galvão, através da VITAL, seu braço, vai significar muito mais que liquidar reservas hídricas importantes, vai significar desemprego e salários ridículos – mão de obra escrava – dos tais terceirizados.

Como a Justiça hoje tem decidido que as contas não pagas pelas empresas contratadas por órgãos públicos, são de responsabilidade dos tais órgãos, o contribuinte/cidadão paga duas vezes, tem acontecido com freqüência maior que se possa imaginar, pelos mesmos serviços.

Sustenta a corja.

Com a estranha suspensão da liminar que impedia a construção do aterro até julgamento final, transformando o fato em fato consumado (ou seja, se for errado alguém acredita que a empresa vá desmanchar e recriar as condições ambientais originais?), a Queiroz corre com a obra a intenta inaugurá-la em novembro deste ano.

Tem que se levar em conta que ano que vem é ano eleitoral e a empresa aperta seus gerentes – Custódio e outros – no município, como no Estado. Do contrário como é que Rodrigo Matos vai ter recursos para fazer sua campanha para a Assembléia Legislativa? Marcus Pestana para chegar à Câmara Federal?

E se você imagina que é só isso, está redondamente enganado. Ao tomar posse da cidade, dos negócios da cidade, controlar o poder público, a empresa estende seus tentáculos ao estado de Minas e o clarividente governador Aécio Neves – vá ser clarividente assim no raio que o parta – chegou à conclusão que um morro atrapalha a construção plena do aeroporto de Goianá, é preciso removê-lo e uma estrada há que ser construída permitindo que da antiga Juiz de Fora, hoje Queiroz Galvão, se consiga acesso mais rápido ao novo aeroporto, vamos destruir a represa Doutor João Penido, construir o acesso por ali, numa estrada que, coincidentemente favorece a Queiroz Galvão no que tange, como dizem os juristas, a outro acesso. Ao novo aterro sanitário.

Vai daí que é mais ou menos a fome com a vontade de comer. A mídia vende isso como progresso, obras de peso para o futuro da cidade, benefício vivo para seus cidadãos, só que...

Os cidadãos pagam as contas, o prefeito entra nas gratificações por bons serviços prestados à empresa, o filho vira deputado estadual, toda a corja se ajeita em negócios aqui e ali e esse progresso tem um preço sem tamanho no futuro imediato da cidade, num dos maiores desafios do século XXI em todo o mundo, a água.

Custódio não deve beber água. Acredito que como andou pelos lados da Grã Bretanha tenha conhecido outras bebidas mais “saudáveis”. Para o procurador Joaquim Martins – Quinzinho – tanto faz que a antiga Juiz de Fora se arrebente. Já arrebentou um estado do Norte onde foi condenado a devolver dinheiro público por roubo, roubo mesmo na gestão de uma empresa pública de águas. Já se viu envolvido numa enrolada com mineradoras em Minas, motivo de CPI na Assembléia e Aécio não está nem aí, importante para o governador é estar viajando sempre, não interessa qual a natureza da viagem e nem o destino, vale é viajar.

Não sei se o gerente geral da Queiroz Galvão, Custódio Matos, vai oficializar a mudança de nome da cidade em novembro, quando da inauguração do aterro, se transformar o dia em feriado municipal e se vão trocar o padroeiro da extinta Juiz de Fora, para santo FHC, o paladino dos tucanos e quejandos nos grandes “negócios” desse País que, pouco a pouco vai virando u’a imensa roça de cana cheia de bagaços chamados cidadãos.

Isso deve ser visto no futuro. No momento estão rezando o Padre Nosso deles, que só tem o “venha a nós”.

Há a perspectiva de uma CPI na Câmara Municipal, mas a estranha e rápida aprovação de lei para favorecer a construção da tal estrada já é um complicador, a Câmara tem que rever esse tipo de favorecimento a empresas privadas na ilusão do progresso. É tática dessa gente, tudo na última hora, correndo, para salvar.

Salvar o deles.

Breve as placas indicativas de você está chegando a Juiz de Fora serão substituídas por você está chegando a Queiroz Galvão. Cuidado, cachorro feroz. Propriedade privada.


Achei esse texto no Viomundo...

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