domingo, 15 de março de 2009

Mídia... abram a mente...


Saiu no Blog do Nassif...

Por Leo

Com o rigor jornalístico que lhe é peculiar, o blogueiro da Folha, Josias de Souza, publicou com chamada garrafal no site do UOL que a Operação Satiagraha foi ordenada pela Presidência.

Expõe isso, assim, como se fosse um escândalo.

Um pouco mais além, traz a espetacular notícia de que a Presidência ordenou ao delegado Paulo Lacerda que iniciasse a investigação com base em informações levantadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Esse é Josias de Souza, servindo de matador de aluguel da revista Veja, novamente, autora dessa proeza jornalística que, antes de se meter no esgoto, sabia se chamar “cascata”.
Como o esquema Folha-Veja não respeita mais nenhuma regra do jornalismo, é preciso esclarecer aos não iniciados nessa podridão os mecanismos de deturpação profissional que geram esse tipo de notícia, e as razões pelas quais elas são colocadas no maior portal de internet do Brasil, sem o mínimo de checagem.

Josias, ao termo de sua denúncia retumbante, enumera três itens que a Veja classificaria de “aterradores”. São eles:

1. A Satiagraha “era uma missão determinada pela Presidência da República”;
2. O destinatário da ordem foi “o DPF [delegado da Polícia Federal] Paulo Lacerda”;
3. A operação foi deflagrada graças à “informações repassadas pela Abin” ao governo.

Vamos, então, aos fatos:

1) A Abin existe, justamente, para municiar o presidente da República de informações estratégicas para que ele possa governar. A partir da Operação Chacal, em 2004, quando se descobriu o esquema clandestino de espionagem do banqueiro Daniel Dantas contra inimigos e autoridades do governo Lula, o governo percebeu que estava se metendo em chumbo grosso. As informações da Abin apontavam, claramente, o funcionamento de uma quadrilha disposta a tudo. Como essas informações chegam ao presidente, ele fez o que deveria fazer: ordenar que a PF fizesse a investigação. Então, de fato, a Satiagraha foi uma missão determinada pela Presidência. Tremendo escândalo.

2) O destinatário da ordem, dada pelo então ministro da Justiça, Macio Thomaz Bastos, foi, de fato, Paulo Lacerda. O que Josias não sabe, nem se preocupou em checar (checar pra quê ??) é que a tal ordem foi dada em 2004. Isso mesmo, 2004. E quem era o diretor-geral da PF em 2004, Josias de Souza? O delegado Paulo Lacerda. Então, onde está o escândalo? Como não entende nada de operações policiais e virou papagaio da Veja, Josias confundiu o momento da deflagração da operação (induzido pelo repórter Expedito Filho, conhecido ficcionista da Abril), em julho de 2008, com o momento da ordem, quatro anos antes. Ou seja, o blogueiro da Folha não sabe sequer do que está falando.

3) A função da Abin é, justamente, repassar informações, Josias. Em que planeta você mora? Fica óbvio que a tentativa do blogueiro é turbinar a polêmica da “participação ilegal” da Abin na Satiagraha. O jornalismo brasileiro vive, atualmente, dessas patetices.

Josias de Souza, como sabem os repórteres da Folha, em Brasília, é preguiçoso e gosta da pauta alheia.

Ao reproduzir o trecho dos autos do Ministério Público (replicado da Veja), o blogueiro centra fogo na “acusação” (meu Deus, que cansaço…) da ordem dada pela Presidência da República ao delegado Paulo Lacerda, e não repara no que vem bem embaixo. Tente você, leitor, vislumbrar:

Bingo: “que no mês de abril (de 2008), durante os trabalho da operação, foi comunicado pelo DPF (Delegado da Polícia Federal) Daniel Lorenz (chefe do Departamento de Inteligência da PF!) que uma jornalista de nome Andréa Michael queria trocar informações a respeito de Daniel Dantas”.

Leiam de novo: uma repórter da Folha queria “trocar informações” com Protógenes Queiroz sobre Daniel Dantas. E quem fez o meio de campo? Daniel Lorenz, chefe do Departamento de Inteligência da PF!!

Josias, essa era a sua manchete!! Você deu uma barriga em si mesmo, jornalista (?)!

Agora, a CPI dos Grampos tem que chamar Daniel Lorenz para depor e explicar o que foi isso, como um chefe de inteligência da PF pode servir de moleque de recados para uma repórter da Folha.

Por que, como todos sabem, naquele mesmo abril de 2008, Andréa Michael publicou uma matéria na Folha que avisou Dantas e viabilizou os habeas corpus (ambos do crivo do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal) que mantêm o banqueiro livre até hoje.

Tivesse sido feita por jornalistas, tanto na Folha como na Veja, a notícia não estaria no pé, escondida pelo rasgão feito no documento publicado pela revista da Abril.

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