quarta-feira, 18 de março de 2009

Nióbio – Brasil carece de uma séria política...


Mais que uma política séria, que gere empregos e realce seu verdadeiro valor, o nióbio necessita de muitos esclarecimentos públicos no País.

O nióbio é um mineral raro e considerado estratégico, já que o mesmo é insubstituível na produção de ligas utilizadas para fabricação de sofisticados instrumentos de precisão. O nióbio, depois de usinado, é empregado na produção de avançados produtos de alta tecnologia; desde instrumentos cirúrgicos, passando por armas, até complexos componentes de foguetes espaciais, satélites e módulos (tripulados ou não) que deixam a Terra em missão de sondagem espacial.

O Brasil é um país privilegiado com relação a este mineral, pois detém mais de 90% de todo o nióbio do mundo, distribuído em jazidas situadas na região Norte e no município de Araxá, em Minas Gerais. Em Araxá o nióbio é minerado pela Companhia Brasileira de Metais e Metalurgia (CBMM), empresa privada que conta com participação acionária do Governo do Estado de Minas Gerais, sendo a única autorizada a explorar o nióbio no País. A CBMM vende quase que totalidade de sua produção para o mercado externo e detém no Brasil o monopólio da indústria do nióbio.

Conforme os processos de produção da CBMM, a extração do nióbio se faz ao fatiar a terra e raspá-la, a ponto de se formar camadas sobrepostas de vários metros cada uma, no formato de imensos degraus. A terra raspada na mina (meio avermelhada e visualmente comum) é transportada através de uma esteira de cinco quilômetros de extensão até a usina de beneficiamento.

Somente após passar por processos metalúrgicos é possível separar o nióbio puro da terra em que está envolto e concentrá-lo na forma de um mineral sintético para uso científico, de forte brilho metálico e bastante pesado. Depois de usinado, o nióbio torna-se um metal pesado e de dureza sem igual, não podendo ser perfurado por nenhuma broca ou quaisquer ferramentas existentes na atualidade.

A produção no nióbio - um mineral com elevado grau de radioatividade - gera também diversas perdas ambientais, pois para extraí-lo é necessário devastar uma grande região natural. No caso de Araxá, tais efeitos são patentes, pois a degradação pode ser constatada a olhos vistos na região da CBMM, que altera de forma bastante agressiva, a paisagem suburbana.

Sabemos que os araxaenses aspiram também, grandes dosagens de poeira radioativa suspensa no ar, que desgarram da mineração a céu aberto, mesmo sendo esta, aguada diariamente por caminhões tanques. O procedimento de se manter em Araxá uma mineração a céu aberto recebe protestos de diversas entidades ambientais e da saúde. Além disso, é fato que esta cidade do Triângulo Mineiro detém um dos mais altos índices de casos de câncer no Estado, que é associado por algumas pessoas, às atividades desenvolvidas com a precária extração do nióbio naquela região.

Apesar de se tratar de um mineral estratégico e também “do futuro”, já que deverá ser empregado cada vez mais em diversas linhas de produção, dados os avanços tecnológicos vigentes, nenhum governo brasileiro, em toda a história do país, combateu o monopólio e veio propor uma política aberta para a exploração e comercialização do nióbio no País. Segundo o que apuramos, o que ocorre no Brasil é um monopólio onde apenas uma empresa atua na exploração do mineral, negociando o mesmo ao exterior por cifras sugeridas pelos compradores.

Em contrapartida ao que ocorre com o nióbio no Brasil, nos países árabes há toda uma política para a exploração e preservação da produção do seu mais valioso mineral: o petróleo. A política petrolífera na maioria dos países árabes gera inúmeros benefícios aos seus patriotas. Ao contrário da atual “política” do nióbio no Brasil, tais países, impõem ao mercado externo o preço de seu produto e somente o negocia dentro das conformidades de seus interesses. Os benéficos comuns surgem através, sobretudo, da geração de empregos e implementações públicas, graças aos lucros gerados pelo “ouro negro”. Neste caso, o esforço político retorna às respectivas populações na forma de benesses sociais diversas.

No Brasil, a indústria do nióbio parece trabalhar na surdina, fazendo se passar despercebida pela opinião pública, ocultando àqueles que, verdadeiramente, faturam com a falta de uma volátil política para a extração e industrialização desse nobre mineral no País.


* Pepe Chaves é editor do jornal Via Fanzine e pesquisador em assuntos aeroespaciais.

Um comentário:

Anônimo disse...

É UM ABSURDO NOSSO PAIS COM RIQUEZAS NA MÃO DE POUCOS, E O PIOR NUNCA CRESCE DEVIDO A EXPORTAÇÃO ILEGAL.
FICO INDIGNADA COM ISSO! NOSSO PAIS PODERIA SER UM PAIS DE PRIMEIRO, MUNDO E NÃO É.